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cadeira de curativo: tecnologia para o processo cuidativo em enfermagem - introdução

 

 

Koerich et al. (2011) mencionam  que é a partir do cotidiano das unidades hospitalares ou de saúde coletiva que surgem as necessidades de melhorias materiais ou imateriais Ainda afirmam que os enfermeiros estão expostos diariamente, às novas tecnologias, quer em sua vida pessoal, quer em sua atividade profissional e, quanto mais rápido aprender  e dominá-las, colocando-as a serviço do ser humano, mais avanços terão em sua profissão. Sob este prisma, é importante que as pesquisas científicas e tecnológicas sejam conhecidas e consumidas pelo profissional da enfermagem a fim de permitir melhor qualidade do cuidado.

 

Vê-se necessidade constante de tecnologias em várias unidades de saúde, tecnologias essas que podem variar de uma teoria, até um equipamento especializado para a implementação do cuidado.

 

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma metodologia que requer ao seu desenvolvimento o uso de diversas tecnologias, pois para sua operacionalização são empregados também, o uso de equipamentos (SANTOS, G.B, 2012).

 

A SAE, de acordo com Cianciarullo et al. (2001), representa o instrumento de trabalho do enfermeiro com objetivo de identificação das necessidades do paciente apresentando uma proposta ao seu atendimento e cuidado, direcionando a Equipe de Enfermagem nas ações a serem realizadas. Trata-se de um processo dinâmico e que requer na prática conhecimento técnico-científico e o uso de tecnologias muito diversificadas.

 

O planejamento e a sistematização do cuidado levam os profissionais a pensarem novas formas de inovar, facilitarem esse mesmo cuidado, levando-os também a criar novos métodos para individualizar e fazer o melhor para o cliente.

 

Mesmo a sistematização, em seu processo, necessita de equipamentos para sua aplicabilidade, como termômetros, estetoscópios, esfigmomanômetros, etc. Equipamentos esses, que, também passaram por modificações e/ou aperfeiçoamentos com o avanço da tecnologia.

 

Roehrs e Malagutti (2011) afirmam que a busca do conhecimento científico (prática baseada em evidências), o agir ético e a autonomia profissional configuram-se como meta na profissão de enfermagem, principalmente no cuidado de pacientes com feridas.

 

Ferreira e Silva (2011) salientam que, o enfermeiro precisa entender e dominar a linguagem tecnológica de modo que a traduza em prol do cuidado ao cliente. e que quando o enfermeiro adquire o saber teórico-prático que o habilita a cuidar do cliente sob a tecnologia, se sente mais seguro com tais recursos.

 

Lucena e Crossetti (2004) nos mostram que a tecnologia reduz o tempo e o esforço na realização das tarefas e do cuidado, aumentando a eficiência dos enfermeiros, porque facilita o seu trabalho. Na medida em que agiliza, traz maior precisão e rapidez nas ações, propiciando maior tempo para a equipe de enfermagem se dedicar ao cuidado, melhorando a qualidade na assistência.

 

Ferreira e Silva (2009) afirmam que as mudanças se fizeram sentir na infraestrutura de cuidados e atendimentos hospitalares, pois, os serviços de saúde passaram a dispor de técnicas, instrumentos, métodos e matérias primas diversos, o que implicou não só na reconfiguração de espaço físico e de atuação profissional, mas em novas modalidades de prevenção, diagnóstico e tratamento dos problemas de saúde.

 

Arone e Cunha (2006) enfocam que outro aspecto que não pode ser esquecido é o impacto que as novas tecnologias exercem diretamente na qualidade do serviço prestado, alimentando a geração, não só de novas invenções/inovações, mas também, de novas necessidades para o setor.

 

Surge então, a real necessidade de utilizar um equipamento especial para a realização dos curativos, algo que fizesse diferença no tratamento das lesões, propiciando ao mesmo tempo conforto e segurança para o cliente e para o profissional de saúde.

 

Atualmente, muito se tem produzido acerca de lesões de pele e novas tecnologias de abordagem da questão, tem sido desenvolvidas, segundo Silva et al.  (2011) e que, avanços em curativos não se expressam apenas em coberturas novas ou terapias, mas também em técnicas novas e atualizadas, bem como equipamentos mais sofisticados e construídos especificamente, para atender às necessidades do procedimento de curativo.

 

A postura corporal incorreta pode causar sérias alterações na musculatura e na  constituição ósseo articular, podendo causar sérias deformidades no trabalhador, ao longo  dos anos. A postura corporal adequada é sempre desejável, na medida em que ela evita problemas de saúde e é importante para o bom rendimento do trabalho (BELLINI; GARCIA e MARZIALE, 1996).

 

Então, vê-se que ao se utilizar de um equipamento específico para o tratamento das lesões, sistematiza-se o cuidado com uma maior abrangência, pois, atendemos a necessidade de conforto do cliente durante os procedimentos, além de uma maior produtividade em nível de tratamento para lesões e consequentemente cuidamos dos próprios profissionais de saúde, evitando problemas ergonômicos a médio e longo prazo.

 

Em suas atividades profissionais, o professor Dr. José Vítor da Silva sentiu a necessidade do desenvolvimento de um equipamento automatizado que viesse a sanar problemas existentes em clientes portadores de lesões corporais e, após análise e pesquisas, junto com um graduando de Automação Industrial, surgiu a ideia do desenvolvimento de uma cadeira para auxiliar o tratamento desses mesmos pacientes, como se pode constatar na afirmação de SILVA , logo abaixo:

 

“O interesse de idealizar essa cadeira de curativo surgiu porque desenvolvíamos na Escola de Enfermagem Wenceslau Braz, na cidade de Itajubá, um projeto denominado “Lesão de Pele”, desde o ano de 1994. Este projeto consistia no atendimento aos pacientes com feridas das mais diversas etiologias, de Itajubá e cidades vizinhas.

 

Com o crescimento desse projeto, ganhamos de uma ex aluna uma casa, que foi, após longos meses de estudo, adaptada a uma unidade de lesão de pele. Com isto, tínhamos um atendimento-dia de 50 a 60 pacientes sem considerar os atendimentos domiciliares.  Entretanto, o curativo era feito com esse paciente sentado numa cadeira, com a perna apoiada numa escadinha de degraus e, muitas vezes, essa lesão era bastante extensa e com isso o profissional ou acadêmico de enfermagem gastava, na realização desse curativo, minutos e até mesmo horas.

 

Ao terminar o curativo, existia uma grande queixa em relação à dor lombar provocada pela posição relacionada com o curativo. Essa queixa era bastante frequente, acrescente e bastante acentuada. A partir disso, comecei a ter uma preocupação com essa situação e então, procurei meios tecnológicos para resolver essa situação, mas infelizmente, não foi encontrado tecnologia alguma.

 

Na tentativa de resolver esta situação, comprei cadeiras de podologia  e cadeiras de salão de beleza e as coloquei na unidade de lesão de pele. Com isso, melhorou a questão da mecânica postural, assim como as queixas das dores costais e, sobretudo se teve melhores condições de atendimento não só em relação ao profissional, mas também  ao paciente,  no tocante a realização do procedimento de curativo.

 

A partir dessa experiência, teve-se a ideia da elaboração de uma cadeira, que atendesse todas essas necessidades e sua construção contou com a ajuda de um grupo de alunos do curso de tecnologia em automação industrial. Eram quatro alunos que estudaram, a partir de um contato comigo, como deveria ser a sua elaboração. Eles ouviram o meu interesse e as minhas sugestões e a partir disso, durante um período entre quatro a seis meses e depois de muitos encontros entre o grupo e eu, foi construída a primeira versão da cadeira de curativos.

 

Depois de testagens e análises, já foram criadas a segunda e a terceira versão e hoje já se tem a sua quarta versão, no sentido de se obter melhoras e ajustes, que se fizerem necessários.”

 

Portanto, o enfermeiro ao desempenhar o seu papel humanizado, científico e individualizado na assistência ao cliente, tem como metas a formação à saúde a prevenção e o tratamento das doenças durante o ciclo de vida do ser humano. Para que o enfermeiro desempenhe de forma diferenciada a sua função e possa contribuir com benefícios ao paciente, deve prestar uma assistência sistematizada, tornando suas ações mais científicas e tecnológicas possíveis (CUNHA, 2006).